domingo, 25 de junho de 2017

25 de Junho de 1530: Confissão de Augsburg

DW

Em 25 de junho de 1530, os príncipes que haviam aderido à Reforma foram convidados a explicar-se no Parlamento alemão. Na ocasião, Philipp Melanchton, amigo de Lutero, apresentou a proclamação da fé luterana.


Monumento a Melanchton, em Wittenberg


Para melhor compreender a importância da Confissão de Augsburg, é necessário apresentar a situação histórica no contexto da Reforma da Igreja, impulsionada pelo estudioso Martinho Lutero, da Ordem dos Monges Agostinianos. Ele se aprofundou na teoria da religião a partir de 1510, quando retornou de uma viagem a Roma, decepcionado com a corrupção que constatara no alto clero.

Aprofundando seus estudos, concluiu que o homem só se pode salvar pela fé incondicional em Deus, não pelas obras praticadas ou pela indulgência comprada. A fim de arrecadar fundos para financiar a reconstrução da Basílica de São Pedro, o papa Leão 10 havia permitido o perdão dos pecados a todos que contribuíssem financeiramente com a Igreja.

Escandalizado com essa salvação comprada a dinheiro, Lutero afixou na porta da igreja de Wittenberg, no leste da Alemanha, um manifesto público (as 95 teses), em que protestou contra a atitude do papa e expôs os elementos de sua doutrina. Iniciava-se, desta maneira, uma longa discussão entre Lutero e as autoridades eclesiásticas, culminando com sua excomunhão pelo papa, em 1520.

No dia 21 de janeiro de 1530, o imperador Carlos 5º convocara uma Dieta imperial a reunir-se em abril seguinte, em Augsburg, no sul da Alemanha. Para dispor de uma frente unida contra os turcos nas suas operações militares, ele exigiu o fim do conflito entre protestantes e católicos.

Melanchton, o autor intelectual

Os príncipes e representantes das cidades livres do Império foram convidados a discutir as diferenças religiosas na futura Dieta, na esperança de superá-las e restaurar a unidade. Atendendo ao convite, o príncipe eleitor da Saxônia pediu aos seus teólogos em Wittenberg que preparassem um relato sobre as crenças e práticas nas igrejas da sua terra, que seria apresentado ao imperador.

Sob a coordenação de Philipp Melachton, foram reunidas as doutrinas compiladas nos documentos conhecidos como Artigos de Schwabach, de 1529, e Artigos de Torgau, de março de 1530.

Lutero, que não estava presente em Augsburg, foi consultado por correspondência, mas as emendas e revisões continuaram sendo feitas até a véspera da apresentação formal ao imperador, em 25 de junho de 1530. Assinada por sete príncipes e pelos representantes de duas cidades livres, a Confissão imediatamente foi reconhecida como uma declaração pública de fé.

De acordo com as instruções do imperador, os textos das confissões foram apresentados em alemão e latim. Diante da Dieta foi lido o texto alemão, que é, por isso, tido como mais oficial.

A Confissão representava um esforço para manter a Igreja unida e continha as principais teses da doutrina de Lutero, entre as quais as que dizem respeito à doutrina da justificação, ou da salvação. Mesmo que a Confissão tivesse sido redigida em estilo conciliador, evitando ataques e reivindicações, não foi aceita pela Igreja Católica e sua divulgação ficou proibida.

A rejeição da Confissão de Augsburg deu força à separação entre luteranos e católicos. Passaram-se quatro séculos de condenações recíprocas e guerras religiosas. O diálogo, suspenso em 1530, só recomeçou em 1967, após o Concílio Ecumênico Vaticano 2º.

Meio religioso para fim militar

Philipp Schwarzerd foi o compilador, não somente da Confissão, como também de outro documento muito importante, conhecido como Apologia da Confissão de Augsburg. Philipp nasceu em Bretten, Baden, em 1497. Seu tio-avô, o famoso humanista Reuchlin, exerceu grande influência sobre ele.

Devido à admiração pelo idioma grego, "helenizou" o sobrenome, adotando o nome de Melanchthon, conforme a tradução de "terra negra" para o grego. Foi grande amigo de Lutero e o seu mais fiel aliado na causa da Reforma. Se, de um lado, Lutero era profundo conhecedor da Palavra de Deus, Melanchthon foi um dos maiores conhecedores das línguas originais nas quais a Palavra de Deus havia sido escrita.
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