sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Hermenêutica: Princípios de Interpretação da Bíblia

Em Listra, região da Licaônia, após a cura de um homem inválido, Paulo e Barnabé foram aclamados como deuses.

Júpiter e Mercúrio são os nomes latinos para os deuses gregos Zeus e Hermes. Para os gregos seu país ocupava o centro da Terra e, no centro de seu país, estava o Monte Olimpo, na Tessália, abrigava, além de Zeus (Júpiter), Cronos (Saturno), Eros (Cupido) e os Titãs.

A Hermes (Mercúrio) eram atribuídas toda e qualquer atividade que exigisse destreza e habilidade. Por ser Filho e Zeus (Júpiter) com a ninfa Maia, tinha como atividade principal ser o portador e intérprete da mensagem dos deuses. (At 14.8-12)

Assim, de Hermes (Ἑρμᾶς) temos a palavra Hermenêutica (ἑρμηνευτική) a técnica da interpretação. Para os gregos, dizia-se isso quanto à interpretação criativa como um dom e percepção da razão. Como o deus, poetas e videntes proferiam mensagens dos deuses, os quais como expositores praticavam a hermenéia.

Para nós, os cristãos, hermenêutica significa a "a arte e a ciência de interpretar a Bíblia." Portanto, é também conhecida por hermenêutica sagrada ou hermenêutica bíblica.

A primeira coisa a saber acerca da interpretação bíblica é "Todos podem interpretar a Bíblia!". Para isto, os processos cognitivos básicos são a observação, a interpretação, a correlação e aplicação. Cada um desses faz, respectivamente, as seguintes perguntas: O que vejo no texto? O que significa? Como este texto relaciona-se com o restante da Bíblia? O que significa para mim?

Junto a estes processos, podemos categorizar os princípios de interpretação em quatro grandes áreas: os princípios gerais, os princípios gramaticais, os princípios históricos e os princípios teológicos.

Nos princípios gerais, o intérprete deve partir da pressuposição de que a Bíblia tem autoridade, que ela é, acima de tudo, sua própria intérprete, porque a Escritura explica melhor a Escritura. Além disso, a fé salvadora e o Espírito Santo são necessários para que se compreenda a fundo a Palavra de Deus. Mesmo dentro deste aspecto subjetivo, a experiência pessoal deve ser interpretada sempre à luz das Sagradas Escrituras, e não a Escritura à luz da experiência pessoal. Acerca dos exemplos bíblicos, todo cuidado é necessário, porque os exemplos bíblicos só têm autoridade quando são expressos por uma ordem. Que nunca seja esquecido, o propósito primário da Palavra é modificar nossas vidas. Por isso, cada cristão tem o direito e a responsabilidade de investigar e interpretá-la pessoalmente. Deve saber também a importância da história da igreja, mas atentando para o fato dela não ser decisiva para esta interpretação. Sempre lembrando que promessas de Deus em toda Bíblia estão disponíveis ao Espírito Santo a favor dos crentes de todas as gerações. Como vimos, nesta fase, nosso auxílio imprescindível é o Espírito Santo. (1 Co 2.12-13)

Quanto aos princípios gramaticais, vale salientar que a Escritura pode ter somente um sentido, isto é, deve ser tomada literalmente. Isto implica em buscar interpretar as palavras o sentido que tinham no tempo do autor, e esta interpretada em relação à sentença e ao seu contexto. Além das palavras, toda passagem deve ser também interpretada em harmonia com o contexto. Atente para entender que quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a proposição pode ser considerada como figurada. Nas parábolas, as principais partes e figuras representam certas realidades, portanto considere somente estas principais partes e figuras quando estiver tirando conclusões. Nas profecias, as palavras dos profetas devem ser interpretadas em sentido comum, literal e histórico, a não ser que o contexto ou a maneira como se cumpriram indiquem claramente que têm sentido simbólico, o cumprimento dela pode ser por etapas, cada cumprimento sendo uma garantia daquilo que há de seguir-se. Nestes princípios, nossas ferramentas são as línguas bíblicas, as versões da bíblia, léxicos e dicionários. (2 Tm 3.16)

Os princípios históricos preconizam que se a Escritura originou-se em um contexto histórico, só deve ser compreendida à luz da história bíblica. Embora a revelação de Deus na Palavra seja progressiva, tanto o Antigo Testamento como o Novo Testamento são partes essenciais desta revelação e formam uma unidade. Desde então, os fatos ou acontecimentos históricos tornam-se símbolos de verdades espirituais somente se a Bíblia assim designar. Como auxílio destes princípios temos a história da Bíblia, a história secular, a geografia e a arqueologia bíblica. (Rm 15.4)

Finalmente os princípios teológicos de interpretação. Quanto a estes, precisa-se de uma observação, a Bíblia antes de ser compreendida teologicamente deve ser compreendida gramaticalmente. Acrescido a isto, entende-se que uma doutrina não pode ser considerada bíblica se não resumir e incluir tudo o que livro sagrado diz acerca dela. Portanto, quando parecer que duas doutrinas ensinadas na Bíblia são contraditórias, aceite ambas como escriturísticas, crendo confiantemente que elas se explicarão dentro de uma unidade mais elevada de compreensão. Enfim, um ensinamento simplesmente implícito na Escritura Sagrada só deve ser considerado bíblico quando uma comparação de passagens o apóia. Recorremos, portanto, às concordâncias bíblicas, aos comentários e tomos teológicos. (2 Pe 3.15-18)


 

Referências


 

HENRICHSEN, Walter A. Princípios de Interpretação da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.

VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Editora Vida, 1987.

ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica: meios de descobrir a verdade da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1994.


 

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Google nosso de cada dia



Beleza! O Google já atesta 2.570.000 resultados sobre os batistas regulares. Digitando "batistas" eles aparecem como o 3º do ranking de busca. Isto indica um alto índice de popularidade. Estão à frente até mesmo de "batistas tradicionais" e "batistas do Brasil". De agora em diante, quem disser que desconhece o movimento das igrejas batistas regulares ou os classifica como grandes desconhecidos será por pura ignorância. E tenho dito!

domingo, 13 de setembro de 2009

Pensamento

Espírito formatado e mente configurada para mais um espectro de batalha.

sábado, 12 de setembro de 2009

Lutero em Berkhof


Os parágrafos abaixo são excertos da Teologia Sistemática de Berkhof acerca da teologia de Calvino, servem à pesquisa, não representam integralmente a posição desta coluna nem do site.



Lutero fala repetidamente de Deus como o Deus Absconditus (Deus oculto), em distinção dele como o Deus Revelatus (Deus revelado). Em algumas passagens ele até fala do Deus Revelado como ainda um Deus Oculto, em vista do fato de que, mesmo através da Sua revelação especial, não podemos conhecê-lo plenamente.


Lutero emprega algumas expressões muito fortes a respeito da nossa incapacidade de conhecer alguma coisa do Ser de Deus ou da Sua essência. Por outro lado, ele distingue o Deus absconditus (Deus oculto) e o Deus revelatus (Deus revelado); mas, por outro lado, ele também afirma que, conhecendo o Deus revelatus, somente O conhecemos em Seu ocultamento.


Lutero aceitava a doutrina da predestinação, se bem que a convicção de que Deus queria que todos os homens fossem salvos o levou a enfraquecer um tanto a doutrina da predestinação nos últimos tempos da sua existência.


Lutero expressou-se em favor do traducionismo, e este tornou a opinião dominante na Igreja Luterana.


Aquele, [referindo-se a Lutero], não buscava a imagem de Deus em nenhum dos dons naturais do homem, tais como as suas faculdades racionais e morais, mas, sim, exclusivamente na justiça original e, portanto, considerava a imagem como inteiramente perdida devido ao pecado.


Pessoalmente, Lutero às vezes falava como se tivesse uma ampla concepção da imagem, mas, na realidade, seu conceito a respeito era restrito.


Lutero não se livrou inteiramente do fermento católico romano. Apesar de ter retornado à antítese agostiniana de pecado e graça, traçou aguda distinção entre a esfera terrenal inferior e a esfera espiritual superior, e sustentava que o homem decaído é por natureza capaz de fazer muita coisa boa e louvável na esfera inferior ou terrena, embora seja inteiramente incapaz de fazer qualquer bem espiritual.


Lutero não escapou inteiramente da confusão da regeneração com a justificação. Além disso, ele falava da regeneração ou do novo nascimento num sentido muito amplo.


Lutero e seus seguidores não conseguiram purificar a igreja do fermento de Roma sobre este ponto [da regeneração batismal]. De modo geral, os luteranos defendem, em oposição a Roma, o caráter monergista da regeneração.


Ele,[Lutero], considerava a igreja como a comunhão espiritual daqueles que crêem em Cristo, e restabeleceu a idéia escriturística do sacerdócio de todos os crentes.


Para Lutero, a água do batismo não é água comum, mas uma água que, mediante a Palavra com seu poder divino inerente, veio a ser uma água da vida, cheia de graça, um lavamento de regeneração.


Lutero insistia na interpretação literal das palavras da instituição e na presença corporal de Cristo na Ceia do Senhor. Contudo, substituiu a doutrina da transubstanciação pela da consubstanciação, defendida exaustivamente por Occam em sua obra sobre o Sacramento do Altar (De Sacramento Altaris), e segundo a qual Cristo está "em, com e sob" os elementos.


Lutero e os luteranos também dão ênfase à palavra "é", embora admitam que Jesus estava falando figuradamente. Segundo eles, a figura não era uma metáfora, mas uma sinédoque.


Lutero rejeitou a doutrina da transubstanciação e a substitui pela doutrina correlata da consubstanciação. Segundo ele, o pão e o vinho continuam sendo o que são,mas, não obstante, há na Ceia do Senhor uma misteriosa e miraculosa presença real da pessoa completa de Cristo, corpo e sangue, nos elementos, sob eles e junto deles.




Lutero, sobre: conhecimento de Deus, 31, 45; predestinação, 111; origem da alma, 196; imagem de Deus no homem, 202, 207; pecado e graça, 434; vocação divina, 460, 461; regeneração, 468, 479; igreja, 564; batismo, 632; batismo de crianças como meio de graça, 647; Ceia do Senhor, 652, 655, 658..


Calvino em Berkhof

Os parágrafos abaixo são excertos da Teologia Sistemática de Berkhof acerca da teologia de Calvino, servem à pesquisa, não representam integralmente a posição desta coluna nem do site.




Para Calvino, Deus, nas profundezas do Seu Ser, é insondável. "Sua essência", diz ele, "é incompreensível; desse modo, Sua divindade escapa totalmente aos sentidos humanos".

Calvino também fala da essência divina como incompreensível. Ele sustenta que Deus, nas profundezas do Seu Ser, está fora de alcance. Falando do conhecimento do Quid e do Qualis de Dues, diz ele que é inútil especular sobre o primeiro, ao passo que o nosso interesse prático jaz no segundo. Diz ele: "Simplesmente, brincam com frígidas especulações aqueles cuja mente se fixa na questão do que Deus é (Quid sit Deus), quando o que realmente nos interessa saber é, antes, que espécie de pessoa Ele é (Qualis sit) e o que é apropriado à Sua natureza". Conquanto ele ache que Deus não pode ser conhecido à perfeição, não nega que possamos conhecer algo do Seu Ser ou da Sua natureza. Mas este conhecimento não pode ser conhecido por métodos a priori, mas somente de maneira a posteriori, mediante os atributos, que ele considera como reais determinativos da natureza de Deus. Eles nos transmitem ao menos algum conhecimento do que Deus é, mas, especialmente, do que Ele é em relação a nós.

Daí diz Calvino: "Então, com pessoa, quero dizer uma subsistência na essência divina – uma subsistência que, conquanto relacionada com as outras duas, distingue-se delas por suas propriedades incomunicáveis"

Calvino sustentou firmemente a doutrina agostiniana da predestinação dupla e absoluta. Ao mesmo tempo, em sua defesa da doutrina contra Pighius, deu ênfase ao fato de que o decreto concernente à entrada do pecado do mundo foi um decreto permissivo, e que o decreto de reprovação deve ter sido elaborado de maneira que Deus não fosse o autor do pecado, nem responsável por este, de modo nenhum.

Os nossos padrões confessionais não falam somente de eleição, mas também de reprovação.* Agostinho ensinou a doutrina da reprovação, bem como a da eleição, mas essa "dura doutrina" enfrentou muitíssima oposição. Em geral os católicos romanos, e a grande maioria dos luteranos, arminianos e metodistas, rejeitam esta doutrina em sua forma absoluta. Se ainda falam de reprovação, é somente de uma reprovação baseada na presciência. É mais que evidente que Calvino tinha consciência da seriedade desta doutrina, pois fala dela como um "decretum horribile" (decreto terrível). Não obstante, não se sentiu com liberdade para negar o que ele considerava uma importante verdade da Escritura.

A posição que Calvino toma sobre este ponto [da reprovação] é claramente indicada nos seguintes pronunciamentos, que se acham nos Calvin's Articles on Predestination (Artigos de Calvino sobre a Predestinação):

"Embora a vontade de Deus seja a suprema e a primeira causa de todas as coisas, e Deus mantenha o diabo e todos os ímpios sujeitos à Sua vontade, não obstante, Deus não pode ser denominado causa do pecado, nem autor do mal, e nem esta exposto a nenhuma culpa".

"Embora o diabo e os reprovados sejam servos e instrumentos de Deus para a execução das Suas decisões secretas, não obstante, de maneira incompreensível, Deus de tal modo age neles e por meio deles que não contrai nenhuma mancha da perversão deles, porque utiliza a malicia deles de maneira justa e reta, para um bom fim, apesar de muitas vezes estar oculta aos nossos olhos essa maneira".

"Agem com ignorância e calunia os que dizem que, se todas as coisas sucedem pela vontade e ordenação de Deus, Ele é o autor do pecado; porque não fazem distinção entre a depravação dos homens e os desígnios ocultos de Deus"

A doutrina da predestinação não tem sido apresentada sempre da mesma forma. Principalmente desde os dias da Reforma, emergiam gradativamente duas diferentes concepções que, durante a controvérsia arminiana, foram designadas como Infra e Supralapsarianismo. Diferenças já existentes foram definidas mais agudamente e foram acentuadas mais enfaticamente como resultado das discussões teológicas daquele tempo. De acordo com o dr. Dijik, os dois conceitos em foco eram, na sua forma original, apenas uma diferença de opinião sobre se a queda do homem também foi incluída no decreto divino. O primeiro pecado do homem, que constitui sua queda, foi predestinado, ou foi meramente objeto da presciência divina? Em sua forma original, o supralapsarianismo sustentava a primeira posição acima, e o infralapsarianismo, a segunda. Neste sentido da palavra, Calvino evidentemente era supralapsário. O desenvolvimento posterior da diferença entre ambos os conceitos começou com Beza, o sucessor de Calvino em Genebra. Nesse desenvolvimento, o ponto original em discussão retira-se aos poucos para os fundos, e outras diferenças são levadas para o primeiro plano, sendo que algumas delas não passam de diferenças de ênfase.

Base Bíblica da doutrina da criação do nada. Gn 1.1 registra o início da obra da criação, e certamente não apresenta Deus produzindo o mundo com material preexistente. Foi criação do nada, criação no sentido estrito da palavra e, daí, a única parte da obra registrada em Gn 1 a que Calvino aplica o termo.

Como os anjos bons, os anjos maus também possuem poder sobre-humano, mas o uso que dele fazem contrata-se tristemente com os dos anjos bons. Enquanto estes louvam a Deus perenemente, libram Suas batalhas e O servem com fidelidade, aqueles, como poderes das trevas, prestam-se para maldizer a Deus, pelejar contra Ele e Seu Ungido, e destruir a Sua obra. Então em constante rebelião contra Deus, procuram cegar e desviar até os eleitos, e animam os pecadores no mal que estes praticam. Mas são espíritos perdidos e sem esperança. Agora mesmo estão acorrentados ao inferno e a abismo de trevas e, embora não estejam ainda limitados a um lugar só, no dizer de Calvino, contudo, arrastam consigo as suas cadeias por onde vão, 2 Pe 2.4; Jd 6.

Calvino, por outro lado, apoiou decididamente o criacionismo. Diz ele, em seu comentário de Gn 3.16: "Tampouco é necessário lançar mão da antiga ficção de certos escritores, de que as almas são derivadas por descendência dos nossos primeiros pais". Desde a época da reforma, tem sido sempre esta opinião comum nos círculos reformados (calvinistas). Não significa que não há exceções à regra. Jonathan Edwards e Hopkins, na teologia da Nova Inglaterra, favoreciam o traducionismo. [Modernamente, os batistas regulares são exemplos de traducianistas]

A doutrina da imagem de Deus no homem é da maior importância na teologia, pois essa imagem é a expressão daquilo que é mais distinto no homem e em sua relação com Deus. O fato de ser o homem imagem de Deus distingue-o dos animais e de todas as outras criaturas. Quando podemos saber da Escritura, até mesmo os anjos não compartem com os homens essa honra, embora às vezes o assunto seja apresentado como se compartissem. Calvino chega a dizer que "não se pode negar que os anjos também foram criados à semelhança de Deus visto que, como Cristo declara (Mt 22.30), a nossa perfeição suprema consiste em sermos semelhantes a eles". Mas nessa declaração o grande reformador não leva devidamente em conta o ponto especifico da comparação presente na afirmação de Jesus. Em muitos casos, a suposição de que os anjos também foram criados à imagem de Deus resulta de uma concepção da imagem que a limita às nossas qualidades morais e intelectuais. Mas a imagem inclui também o corpo do homem e seu domínio sobre a criação inferior. Os anjos jamais são apresentados como da criação, mas como espíritos ministradores enviados para servir aos herdeiros da salvação. As mais importantes concepções da imagem de Deus no homem são as que damos a seguir.

Diz Calvino que a verdadeira sede da imagem de Deus está na alma, embora alguns raios da sua glória brilhem também no corpo. Acha ele que a imagem consistia especialmente naquela integridade original da natureza do homem, perdida por causa do pecado, integridade que se revela no verdadeiro conhecimento, justiça e santidade. Ao mesmo tempo ele acrescenta "que a imagem de Deus abrange tudo que na natureza do homem sobrepuja a de todas as outras espécies de animais"

[Quanto ao hades], Calvino interpreta a frase metaforicamente, entendendo que se refere aos sofrimentos penais de Cristo na cruz, onde Ele sofreu realmente as angústias do inferno.

Diz Calvino, a saber, que a declaração de que Cristo assentou-se à destra de Deus equivale a dizer "que Ele foi instalado no governo de céus e terra, e foi formalmente admitido na posse da administração a Ele confiada, e não somente admitido por uma vez, mas para continuar até quando Ele descer para o juízo".

Diz Calvino: "Interessava-nos profundamente que Aquele que havia de ser o nosso Mediador, fosse verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Se se indagasse sobre a necessidade, esta não era aquilo que comumente se chama necessidade simples ou absoluta, mas, sim, a que promanou do decreto divino, do qual dependia a salvação do homem. O que era melhor para nós, nosso misericordioso Pai determinou"

Calvino não concordava com a posição de Lutero, nem com a de Zwínglio. Ele sustentava firmemente que o homem natural não pode, por si mesmo, fazer nenhuma obra boa, e insistia vigorosamente na natureza particular da graça salvadora. Ao lado da doutrina da graça particular, ele desenvolveu a doutrina da graça comum. Esta graça é comunal, não perdoa nem purifica a natureza humana, e não efetua a salvação dos pecadores. Ela reprime o poder destrutivo do pecado, mantém em certa medida a ordem moral do universo, possibilitando assim uma vida ordenada, distribui em vários graus dons e talentos entre os homens, promove o desenvolvimento da ciência e da arte, e derrama incontáveis bênçãos sobre os filhos dos homens.
Calvino sugere alguns deles, quando, ao falar da influência restringente da graça comum, diz: "Daí, por mais que os homens disfarcem a sua impureza, alguns só são impedidos de irromper em muitos tipos de iniqüidade pela vergonha, outros pelo temor das leis. Alguns aspiram a uma vida honesta, julgando que favorece mais aos seus interesses, enquanto outros são elevados acima da sorte vulgar para que, pela dignidade da sua posição social, se mantenham inferiores aos seus direitos e deveres. Assim Deus, por Sua providência, refreia a perversidade da natureza, impedindo-a de entrar em ação, mas sem torna-la interiormente pura"

Segundo Calvino, o chamamento do Evangelho não é eficiente em si mesmo, mas lhe é dada eficácia pela operação do Espírito Santo, quando Este aplica salvadoramente a Palavra ao coração do homem; e esta aplicação é feita somente aos corações e vidas dos eleitos. Deste modo, a salvação do homem é obra de Deus, do começo ao fim. Por Sua graça salvadora, Deus não somente capacita o homem, mas também o leva a dar ouvidos ao chamamento do Evangelho para a salvação. Os arminianos não ficaram satisfeitos com esta posição, mas virtualmente retornaram ao semipelagianismo da Igreja Católica Romana. Segundo eles, a proclamação universal do Evangelho é acompanhada pela graça universal suficiente – "uma assistência graciosa real e universalmente outorgada, suficiente para habilitar todos os homens para, se o quiserem, alcançar a plena posse das bênçãos espirituais e, finalmente, a salvação". Mais uma vez se faz que a obra de salvação dependa do homem. Isto marcou o início de um retorno racionalista à posição pelagiana, que nega inteiramente a necessidade de uma operação interna do Espírito Santo para a salvação.

Calvino também usava o termo [reneração] num sentido muito compre, como um designativo de todo o processo pelo qual o homem é renovado, incluindo, além do ato divino que origina a nova vida, também a conversão (arrependimento e fé) e a santificação.

Diz Calvino: "Teremos então uma completa definição da fé se dissermos que ela é um firme e seguro conhecimento do favor de Deus para conosco, fundado na verdade de uma promessa gratuita em Cristo, e revelada às nossas mentes e selada em nossos corações pelo Espírito Santo".

Falando da ousadia com que podemos aproximar-nos de Deus pela oração, diz ele: "Essa ousadia brota da confiança no favor e na salvação divinos. Tanto é verdade, que o termo fé é usado muitas vezes como equivalente de confiança"

Calvino e alguns dos teólogos reformados mais antigos falam ocasionalmente como se este elemento constituísse a justificação completa.

Calvino e os teólogos reformados estavam de acordo com Lutero quanto à confissão de que a igreja é essencialmente uma communio sanctorum, uma comunhão de santos.

Calvino define a igreja como a "multidão de pessoas espalhadas pelo mundo, que professam adoração a um só Deus em Cristo; são iniciadas nesta fé pelo batismo; dão testemunho da sua unidade e amor por sua participação na Ceia; estão de acordo na Palavra de Deus, e pela pregação dessa Palavra mantêm o ministério ordenado de Cristo".

Calvino e a teologia reformada partiam da pressuposição de que o batismo foi instituído para os crentes, e não produz, mas fortalece a nova vida.

Com a posição de Calvino, segundo a qual, os filhos pequenos de pais crentes, ou aqueles que têm somente um dos pais crentes, são batizados com base em sua relação pactual.

Com relação ao batismo de crianças, Calvino vê ocasião aqui, agora que ele tomou a perspectiva da aliança, para traçar linha mais longa.

Calvino defendia uma posição intermediária. Como Zwínglio, ele negava a presença corporal do Senhor no sacramento, mas em distinção de Zwínglio, insistia na presença real, ainda que espiritual, do Senhor na Ceia, na presença dele como uma fonte de virtude ou poder e eficácia.

Calvino e as igrejas reformadas (calvinistas) entendem metaforicamente as palavras de Jesus: "Isto é (isso é, significa, simboliza) o meu corpo"

Dabney rejeita positivamente a apresentação feita por Calvino, segundo a qual o comungante participa do próprio corpo e sangue de Cristo no sacramento. Sem dúvida, este é um ponto obscuro na exposição de Calvino.

Entre os socinianos e ao anabatistas houve alguns que reviveram a antiga doutrina, sustentada por alguns da Igreja Primitiva, de que a alma do homem dorme desde a hora da morte até à ressurreição. Calvino escreveu um tratado para combater essa idéia. A mesma noção é defendida por algumas seitas adventistas e pelos da aurora do milênio.

Calvino chegou a escrever um tratado contra eles, intitulado Psychopanychia. No século dezenove esta doutrina era propugnada por alguns dos irvingitas* da Inglaterra, e nos nossos dias é uma das doutrinas favoritas dos russelitas ou dos sectários da aurora do milênio nos Estados Unidos.

Calvino, sobre: conhecimento de Deus, 31, 45; pessoas da Trindade, 89; predestinação, 11; reprovação, 117; anjos, 142; origem da alma, 197; imagem de Deus no homem, 202, 203; imagem de Deus nos anjos, 206; descida ao hades, 341, 343; o assentar-se Cristo à destra do pai, 353; necessidade da expiação, 370; graça comum, 431, 435; meios da graça comum, 441, 442; frutos da graça comum, 443; vocação divina, 461; uso do termo “regeneração”, 468; fé, 499-500; justificação, 518; igreja, 564, 568; batismo, 632; base para o batismo de crianças, 644, 646;Ceia do Senhor, 652, 655, 660; sono da alma, 695.


sexta-feira, 11 de setembro de 2009





O dom de ensino é a capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para comunicarem informações importantes para a saúde desse corpo e para o ministério dos membros desse corpo.

Isso é feito de tal maneira que os membros do Corpo de Cristo aprendem aquilo que é necessário para crescerem em seus ministérios e na vida cristã de uma maneira geral.

É importante que cada pastor compreenda para que serve o dom de ensino: para o óbvio, que não é ensinar, mas para que pessoas aprendam. Esse dom aparece nas três listas primárias dos dons espirituais: Rm 12, 1 Co 12 e Ef 4.

Em Atos 18:24-26, lemos o seguinte:

“Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras. Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João. Ele, pois, começou a falar ousadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Priscila e Áqüila, tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus.” (Atos 18:24-26 RA)

O dom de ensino, normalmente, é um dom que envolve mais tempo do que os outros dons. Ao contrário dos outros dons que, geralmente, só são utilizados de vez em quando, o ensino envolve um uso regular e capacitação constante. Quem possui esse dom precisa dedicar muito tempo ao estudo e à preparação de aulas.

Outro aspecto importante: os mestres que receberam o dom de ensino também precisam se mostrar pacientes com seus alunos, precisam ainda criar um ambiente onde os estudantes se sintam livres para levantar indagações, perguntar e, até, questionar.

Isso, conseqüentemente, exige que o mestre tenha se preparado bem naquele assunto que está sendo tratado.

Nas qualificações dos oficiais da igreja há uma que o distingue de todas as outras:
“É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar;” (1 Tm 3.2).


Ser “apto para ensinar” significa no original ser “didático”, literalmente, posto que a palavra é διδάκτικος. Ser apto significa ter habilidade para ensinar. Há somente duas ocasiões em que esta palavra ocorre no Novo Testamento, em 1 Timóteo 3:2 e em 2 Timóteo 2:24
“Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente,”.


Observem que além desses versículos estarem inseridos em um contexto das epístolas pastorais a Timóteo, as qualidades são asseveradas pelo “É necessário”. Isto é, uma condição sine qua non do pastor, quer dizer, imprescindível. Portanto, assim como o bispo deve ser irrepreensível, marido de uma só mulher, administrar bem sua casa, et cétera e et cétera, como requerido nas qualificações, não deve ser pastor quem não sabe ensinar, quem não é didático, está desqualificado.

Resumindo, como dom o pastor deve ser mestre, ou como propõe os originais, pastor-mestre, e, como qualificação, precisa ser didático.
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