sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Nossas Raízes Batistas




O umbuzeiro é aquela árvore abençoada verde em meio à caatinga no semi-árido. Ainda que a léguas d'água, permanece a frondosa como uma amostra da graça divina nesse mundo do sertão nordestino. E não é sem causa que a pouco tempo atrás os umbuzeiros formavam os pontos de parada para tropeiros e vaqueiros. Meu bisavô, o Sr. João Silvério de Nova Cruz (RN), deve ter parado muitas vezes sob um, eu mesmo já utilizei um umbuzeiro como abrigo, no caminho antigo de Jardim do Seridó (RN) para o açude Zangarelhas aquela benção de Deus no meio do caminho era o descanso garantido durante o retorno das peripécias da represa. A árvore permanece sempre verde, sempre frutífera e sempre sombrejante porque o Divino dotou-a de uma raiz que é bem dizer um poço artesiano sangrando água, uma espécie de batata que mais parece um pote. 

Como estivesse a sombra de umbuzeiro é que imagino a minha herança cristã como um batista. Por que tão abençoados que somos vivendo em um mundo pecaminosamente árido e desnutrido de amor, nós os batistas, evangelizadores natos, parecemos os tropeiros a levarem as cargas de benéfices do evangelho através dos tempos e das eras – vaqueiros jamais cansados de lidar com os sertões ermos dos corações – devemos isto às raízes de nossos princípios batistas profundamente entranhadas na história do Cristianismo. 

Assim como o tropeiro rude e forte prefere a vida nômade, os batistas adotaram sempre um espírito não conformista. Rejeitaram o domínio eclesiástico e elegeram as Sagradas Escrituras como única regra de fé e prática. Se um sertanejo assemelha-se a outro, nós os batistas parecemos com outros grupos que lutaram para manter a simplicidade neotestamentária. É difícil para o viajante determinar de que umbuzeiro provém um outro, como é difícil para um batista determinar, à sombra da história, a sua estirpe aos ramos mais primitivos da igreja cristã. Todavia, como o frescor disseminado pelo manancial do umbuzeiro, estamos convencidos deste espírito de liberdade de fé dos batistas que enraizou-se em uma longa sucessão de testemunhas fiéis ao ideal espiritual do Cristianismo até aos tempos dos anabatistas no século XVI, concomitante aos turbulentos dias da Reforma. 

Semelhante ao umbuzeiro nos melancólicos paroxismos estivais, nossa história retrata-se a duras penas, permanece sempre verde, cheia de esperança e firme de tal forma a abençoar, como uma fonte de águas puras, transmitindo os princípios declarados pelo Cristo, agora reservados aos necessitados, o quais se espalham pela flora sertaneja deste mundo, transformando-o a igreja em tempos felizes os cereus tristonhos.

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