terça-feira, 6 de julho de 2010

Entendendo o Mundo Evangélico - Parte I

Resolvi chamar mundo evangélico a gama eclética de organizações religiosas que proliferam na atualidade. A diversidade como este mundo se apresenta, naturalmente confunde os não evangélicos e até os chamados evangélicos.

Recorramos, portanto, a uma breve história da igreja, conforme a visão protestante, pela qual tentaremos classificar as organizações do mundo evangélico.

O surgimento da igreja cristã está fundamentado no ministério do próprio Senhor Jesus, Ele mesmo disse: “edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16.18). Após sua morte e ressurreição, Cristo permanece quarenta dias com os seus discípulos, manda que se direcionem à Jerusalém para que recebam a promessa do Espírito Santo e então ascende aos céus.

No dia de Pentecostes, com a descida do Espírito Santo, é iniciada a igreja. Até a atualidade, a Igreja passará por cinco períodos: a Era da Igreja Primitiva, a Era da Igreja Antiga, a Era da Igreja Medieval, a Era da Igreja Reformada, a Era da Igreja Moderna e a Era da igreja contemporânea.

A Era da Igreja Primitiva corresponde ao período do ministério de seu Fundador, o Cristo, e da inauguração da igreja no dia de Pentecostes em Atos 2 até a morte do último apóstolo, o apóstolo João, de 1 a 100 d.C. É chamado também de período apostólico. 

A Era da Igreja Antiga é caracterizada pela presença dos pais da igreja e divide-se em dois períodos: o primeiro de 100 d.C. a 313 d.C. quando Constantino centraliza a igreja no poder do estado e de 313 d.C. a 590 quando surge o primeiro Papa Gregório, o grande, em 590 d.C.; a queda do Império Romano em 476 d.C. favoreceu sua ascensão como autoridade central. Durante o período da Igreja Antiga, de 100 a 590 d.C. em quatro grandes metrópoles do Império Romano são desenvolvidos cinco bispados: Antioquia, Jerusalém, Alexandria, Constantinopla e Roma. Esta última dá autoridade ao poder papal sobre a Igreja por ser a cidade-estado influenciadora.

A Era da Igreja Medieval é a mais longa e, portanto, a mais marcante sobre a história da igreja. De 590 a 1517 d.C. vários acontecimentos históricos podem ser destacados: o crescimento do poder maometano, a partir de 622 d.C.; o surgimento do Sacro Império Romano a partir de 800 d.C.; o grande cisma que provocou a separação entre igreja católica romana e ortodoxa grega em 1050 d.C.; as sete cruzadas de 1095 a 1270 d.C.; as grandes mentes medievais: Anselmo, Abelardo, Bernardo e Tomás de Aquino, de 1033 a 1274; início do Renascimento, a partir do sec. XIII; e o surgimento das primeiras tentativas de reforma com os Albigenses, 1170 d.C., os Valdenses, 1170, com João Wyclif, 1324-1384, João Huss, 1369-1415 e Jerônimo Savonarola, 1452-1498. E, em 1517, Lutero fixa suas 95 teses na porta da catedral em Wittemberg.

A Era da Igreja Reformada, de 1517 a 1648, caracteriza-se pelo desencadeamento da Reforma Protestante e da reforma católica conhecida como Contra-Reforma. A Reforma Protestante tem duas fases iniciais: primeira sob a liderança de Lutero, Zwínglio e Henrique e a segunda sob a liderança de João Calvino e João Knox.

Os postulados da Reforma Protestante podem ser resumidos em cinco pontos:

1. Sola fide – somente a Fé em Cristo é o fundamento para a Salvação, as obras são o resultado e não a causa. Justificação mediante a fé.

2. Sola Scriptura – somente a Escritura é a regra de fé e prática para o cristão e não a tradição interpretativa da igreja, pois a Bíblia interpreta a si mesma.

3. Solus Christus – somente Cristo é o único Cabeça, Chefe, Mediador e Sumo Sacerdote da Igreja; todo cristão genuíno tem um sacerdócio individual diante de Deus.

4. Sola Gratia ¬– somente graça significa que todos os nossos pecados foram pagos por Cristo na cruz, as obras não conduzem à salvação. É por ela, a graça, que se é salvo, mediante a fé, isto é crer.

A partir da Reforma Protestante no Século XVI surgem quatro movimentos protestantes distintos: Luteranos, Anglicanos, Reformados e Anabatistas.

A Era da Igreja Moderna, de 1648 a 1914, corresponde ao período da Paz de Westphalia (Fim da Guerra dos 30 anos) ao surgimento do movimento evangélico em 1914. Neste período, as igrejas serão influenciadas por diversos movimentos como o racionalismo, o pietismo, o positivismo, o fortalecimento do denominacionalismo (presibiterianos, batistas, luteranos, menonitas, anglicanos, metodistas, etc.), surgimento das seitas pseudo-cristãs (testemunhas-de-Jeová, adventistas-do-sétimo-dia, mórmons, etc), o liberalismo/modernismo teológico, em virtude deste o movimento evangélico, e finalmente, principalmente no Brasil, pelo movimento Pentecostal.

A Era Contemporânea, tema da segunda parte, pode ser entendida, tendo como princípio básico e ponto de partida o gráfico abaixo:


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