terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Julian Assange: ‘Comunicações da América Latina passam pelos EUA’

Direto da embaixada do Equador em Londres, onde está asilado, o fundador do Wikileaks deu uma entrevista exclusiva ao Milênio (G1)


O australiano Julian Assange, fundador do site Wikileaks, a maior fonte de vazamento de documentos secretos da internet, está há sete meses asilado na embaixada do Equador em Londres. Do lado de fora, a Scotland Yard mantém o prédio cercado e o fareja 24 horas por dia. Os policiais em vigilância ostensiva partilham a rua com ativistas que se revezam pedido liberdade a Assange.

O fluxo de comunicação ao redor do mundo cresce cada vez mais com a internet. De dados comuns a informações confidenciais de governos, tudo passa por ele. “A internet é como um sistema nervoso, como as artérias da sociedade. E a sociedade, claro, inclui o estado. Então, a integração entre as comunicações internas do Estado, as comunicações internas da sociedade, e a internet está completa”, explica o hacker.
A criptografia é uma tecnologia libertadora"
Julian Assange

O poder da rede é grande, segundo Assange: “Muito pouco da comunicação formal não acontece pela internet. Claro que há conversas de corredor, mas se você quiser comunicar algo em grande escala, em algum ponto entre as conversas de corredor e a implementação, a informação precisa se concretizar e ser transformada em ordens e instruções”.

O fluxo na América Latina

O fundador do Wikileaks conta que principalmente a inteligência americana, mas também outras, estão todo o tempo atentas às informações que correm o mundo. Nem mesmo os países mais pobres escapam: “Na América Latina, podemos ver que praticamente todas as comunicações com a Europa, o leste asiático, são interceptadas pelos EUA. Até mesmo a comunicação entre os países latino-americanos muitas vezes passam pelos americanos e só depois voltam para eles”.


Tecnologia libertadora

A solução para isso, segundo Assange, é o uso de uma boa criptografia, que pode ser usada por qualquer pessoa: “Uma criptografia forte dá aos indivíduos o poder de lutar contra as superpotências. Nesse aspecto, é uma tecnologia libertadora”.

Para o fundador do Wikileaks, ‘a internet é o topo do desenvolvimento tecnológico humano’. “O que sustenta a internet é esse sistema neoliberal e todos os avanços tecnológicos, e mesmo os elementos não neoliberais, como universidades, centros de pesquisa, etc. Portanto, a internet repousa sobre todos os desenvolvimentos da civilização internacional”, afirma.

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