segunda-feira, 27 de maio de 2013

SIMULADOR PREPARA CAPELÃES MILITARES PARA O COMBATE

Por Mark Pinsky



ORLANDO, Flórida – A silhueta animada na tela do computador move-se cuidadosamente entre os feridos, os lances partem de uma silhueta a outro avatar tombado ao chão. Rastejando junto aos médicos de combate, o capelão militar uniformizado ajoelha-se e faz a “triagem espiritual”, avalia quem está morto, quem está prestes a morrer e quem provavelmente sobreviverá.

Sobre o morto, uma oração silenciosa. Sobre os gravemente feridos e aqueles com dor, as palavras de conforto. Logo se verifica as plaquetas de identificação (dog tags) para saber qual a fé, religião, daquele que tombou em combate. O pastor tem uma linguagem compatível com cada tradição religiosa. Em cada ponto da ação, um aviso requer do usuário se o que ele está pensando é a resposta apropriada e, em seguida, oferece o retorno (feedback) de suas escolhas.

Dizem os veteranos que somente uma situação real é capaz de preparar alguém para atuar sob o fogo. Todavia, uma empresa de simulação computadorizada fez um contrato de 100 mil dólares com o laboratório do Centro de Pesquisas de Tecnologia em Simulação do Exército do EUA, de Orlando, para trabalhar em um programa com a concepção de desenvolver as competências dos capelães militares.

O protótipo inclui uma variedade de cenários de batalhas, teatro de operações, e vinhetas, com expectativa de ser entregue ao exército americano ainda no meio do ano, de acordo com os funcionários do laboratório. Se for aceito pelo Departamento de Defesa, é provável que passe a fazer parte do currículo da escola de formação de capelães no Forte Jackson, Columbia, na Carolina do Sul.

O programa de simulação de combate foi desenvolvido especialmente para que aqueles que servirão no Afeganistão até a prometida retirada dos EUA em 2014, e para conflitos futuros. No entanto, os desenvolvedores afirmam que a simulação será relevante até para um eventual ataque terrorista ou para uma catástrofe natural que envolva mortes em massa.

O capelão Jeff Zust, tenente-coronel, e um EMT (equipe de assistência), foram implantados há 15 meses no Iraque. Com base nessa experiência, mais tarde serviu com uma equipe de capelães com seus assistentes e especialistas em tecnologia com a tarefa de adaptar os simuladores de triagem médica já existentes que servem de postos avançados de assistência.

“Em combate, as equipes de capelães das unidades precisam saber como responder ao trauma físico, mental, emocional e espiritual,” disse Zust, 54 anos, ministro da Igreja Evangélica Luterana nos EUA. “Esta habilidade vem com a experiência. No entanto, levanta-se uma questão: Não é possível que estas habilidades sejam treinadas sem que os riscos sejam tão altos?”

Basta mudar o uniforme previamente desenvolvido para o treino dos médicos e a informática e engenharia de simulações trabalharem na adaptação de um programa para capelães. O software "serious-game" será projetado para ajudar os capelães a se orientarem em um campo de batalha virtual para que aprendam a decidir sobre a melhor forma de ministrar aos necessitados, alguns nos seus últimos momentos de vida.

O primeiro passo de verificação das plaquetas de identificação do militar abatido é importante, diz Zust, sobre as operações de treinamento de capelães no 1º Exército no Arsenal de Rock Island em Illinois, porque o “apoio religioso durante o trauma inicia honrando as preferências do soldado.” Zust tem grande expectativa quando a este programa de simulação, embora reconheça as limitações. “Não se deve confundir simulação como substitutivos para capelães e socorristas”, disse. “Cuidados com o trauma e aconselhamento devem ser fornecidos pessoalmente. Não há nada que substituía a presença do contato humano durante a formação.”

O capelão naval Josh sherwin, 31 anos, rabino que foi enviado três vezes a Camp Leatherneck na província de Helmand no Afeganistão, concorda. “Nenhum ambiente em sala pode preparar o capelão,” disse. “Mas a simulação coloca-o em diversas oportunidades que em situações reais pode ser valioso.”

Servir em duas guerras brutais, sem linhas de batalhas definidas e ser atormentado por atentados explosivos violentos, não é nenhuma surpresa para alguns daqueles que são chamados para ministrar aos que sofrem os ferimentos do fogo de combate, os quais também chegam sofrer confusões profundas e a desordem do estresse pós-traumático.

Anos depois de voltar do Iraque, o Rev. Roger Benimoff de Grande Prairie, Texas, escreveu para a revista Guideposts que ele ainda sofria de PTSD (estresse pós-traumático). Depois de servir em zona de combate por duas vezes, o pastor batista admitiu que chegou a questionar onde Deus estava.

“Ele [Deus] estava agindo quando os homens da minha unidade foram explodidos por bombas mortais à beira da estrada? Mortos por granadas enquanto faziam a guarda de um hospital?”

Além do programa de simulação computacional desenvolvido em Orlando, há outras ferramentas disponíveis aos capelães militares que podem ser úteis em combate.

Em 2012, o documentário “Chaplains Under Fire” (Capelães sob fogo) analisa o papel dos clérigos militares no Iraque e no Afeganistão, e as complexidades inerentes ao serviço. O filme mostra os capelães prestando assistência aos soldados na linha de frente, cuidando deles em hospitais de campanha e encomendando os caixões de volta ao país combrindo-os com a bandeira dos Estados Unidos.

“É excitante estar em combate”, diz o Capelão Benner Sandford no filme; depois de escapar ileso de um ataque feito com explosivos improvisados. Mas logo em pouco tempo, depois de orar diante de um fuzileiro naval abatido, o pastor batista diz que “a excitação vai embora.”

2 comentários:

Joana Buás disse...

Pastor Addson, já tiveste a oportunidade de vê o filme "capelães sob fogo"? E nosso Exército, oferece que tipo de suporte ao capelão para a assistência religiosa real na linha de fogo?

Addson Costa disse...

Ainda não. Será que já existe em língua portuguesa?

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