quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Acabe com a fofoca, não antes de acabar com o lacerdismo



“Para parar de falar errado, precisamos parar de pensar errado.”

“Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências,” (1 Pedro 2:1)

Mais um “ismo”, com tantos existentes nesta Terra que Deus nos deu, até parece não causar espanto. Mas creio que este levanta curiosidade. A princípio, deve-se pensar, quem seria esse Lacerda? Um intelectual? Um filósofo? Mais um fundador dessas seitas excêntricas? Não, não. O lacerdismo refere-se ao antigo governador da Guanabara, chamado de Carlos Lacerda. Não confunda-o com Lamarca, certo!? Bom, Lacerda era daqueles políticos que se levantavam em nome da honra e denegria seus colegas. Discurso aqui ou ali, Lacerda chegava mesmo a convencer no momento, se todos não soubessem quem ele fora, um tremendo cara-de-pau. Na maioria dos discursos de oratória invejável, defendendo a si mesmo, Lacerda denegria com o objetivo de que seus males não fossem vistos, ou, que fossem diminuídos já que todos eram suspeitos. O lacerdismo, como método, tinha por característico ser policialesco, julgar seus companheiros por estarem em local suspeito, em atitude suspeita, com gente suspeita. Sabe, reflito e penso como muitas vezes o “povo de Deus” (pessoas) se comportam com esta metodologia. Funciona assim: está lá o irmãozinho, ou irmãzinha, curtindo a brisa do mar sozinho em uma bela tarde de verão à beira-mar. Então, passa aquele abençoado, vê o irmão (ou irmã), não cumprimenta, não diz um alô, não pára o carro, segue em frente e começa a confabular, interpretar a situação: O que será que o irmãozinho está fazendo a esta hora, às 5 da tarde? O lugar e momento suspeito. E ainda, sentado no calçadão balançando as pernas? Atitude suspeita. Será que está esperando alguém? A pessoa suspeita, que sequer apareceu na cena. Tem algo de errado aí, conclui. Depois, pega o telefone? Liga para fulano. Para sicrano. Sabia que seu filho (ou filha) está a esta hora, 5h da tarde, na praia? O quê? Sim. Em uma atitude totalmente suspeita.
E aí o negócio progride, fala ao pastor, fala aos irmãos da igreja. Fofoca sobre fofoca. E nada tem de errado estar, às 5 horas da tarde, na praia, mas o método lacerdista produz isto. Consegue, a troco de nada, e por nada, acabar com a reputação de alguém. É lamentável como muitos ministérios sustentam-se tendo como base o lacerdismo. Em 1 Coríntios 13:5, a versão atualizada de que o amor “não se ressente do mal”. Gosto também da tradução corrigida que diz “não suspeita mal.” Logo, temos ideia de que a suspeita é um ressentimento. Claro, se você não ama alguém que devia amar, criará alguma coisa contra ela. E, como sempre, voltamos ao então batido texto, mas clássico e mais claro da Bíblia, o do livro de Tiago sobre a maledicência: “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo. Ora, se pomos freio na boca dos cavalos, para nos obedecerem, também lhes dirigimos o corpo inteiro. Observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro. Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva! Ora, a língua é fogo; é mundo de iniqüidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno. Pois toda espécie de feras, de aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido domada pelo gênero humano; a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero. Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim.” (Tiago 3:2-10). Para parar de falar errado, precisamos parar de pensar errado. Há algum tempo havia refletido sobre esses métodos que criamos para acabar com a reputação das pessoas. Eu não tinha um nome e o termo lacerdismo caiu como uma luva. É fruto de uma reflexão particular e autocrítica como cristão. Deixemos o lacerdismo.

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