terça-feira, 3 de junho de 2014

A razão por que acreditamos ser possível saber a data exata da morte de Cristo



Em nosso novo livro, The Final Days of Jesus: The Most Important Week of the Most Important Person Who Ever Lived [Os últimos dias de Jesus: A semana mais importante da pessoa mais importante que já viveu], assumimos, mas não discutimos a data precisa da crucificação de Jesus. Praticamente todos os estudiosos acreditam que, por várias razões, Jesus foi crucificado na primavera de 30 ou de 33 d.C., com a maioria optando pela primeira data. "A evidência da astronomia" restringe as possibilidades a 27, 30, 33, ou 34). No entanto, queremos estabelecer nossa tese para a data de sexta-feira, 3 de abril de 33, como o dia exato em que Cristo morreu por nossos pecados.

Para sermos claros, a Bíblia não explicita a data exata da crucificação de Jesus, o que não é uma verdade soteriológica essencial; isso, contudo, não torna a questão irreconhecível ou desimportante. Em virtude de o cristianismo ser uma religião histórica e os acontecimentos da vida de Cristo terem ocorrido juntamente com outros eventos históricos bem conhecidos, é útil localizar a data da morte de Jesus tão precisamente quanto a evidência disponível permita – dentro, pois, do contexto maior da história humana.

Entre os escritores do Evangelho, ninguém insiste tanto nesse ponto quanto Lucas, o médico gentio que se tornou historiador e inspirado cronista do cristianismo primitivo. 

O ano em que o ministério de João Batista começou
Lucas sugere que João Batista começou seu ministério público pouco antes do de Jesus, dando-nos um ponto de referência histórico àquele: "No décimo quinto ano do império de Tibério César . . . " (Lc 3.1).

Sabemos por historiadores romanos que Tibério sucedeu Augusto como imperador e foi ratificado pelo Senado romano em 19 de agosto de 14 d.C.. Ele governou até 37. "O décimo quinto ano do império de Tibério César" parece uma data simples, mas existem algumas ambiguidades, a começar pelo termo inicial do cálculo. Muito provavelmente, o reinado de Tibério foi contado a partir do dia em que ele assumira o cargo em 14 d.C. ou a partir de 1o de janeiro do ano seguinte, 15 d.C.. A data mais próxima possível em que o reinado de quinze anos começara seria em meados de agosto de 28 d.C., e a última data possível em que o seu "décimo quinto ano" se encerrou, 31 de dezembro de 29 d.C.. Assim, o ministério de João Batista teria começado em qualquer ponto entre meados de 28 d.C. e algum momento do ano de 29 d.C.

O ano em que o ministério de Jesus Cristo começou
Se Jesus, como os Evangelhos parecem indicar, iniciou seu ministério não muito tempo depois de João, em seguida, com base nos cálculos acima, a data mais antiga para o batismo de Jesus seria 28 d.C.. No entanto, é mais provável situá-lo em algum momento do primeiro semestre do ano de 29 d.C., por terem decorrido, provavelmente, alguns meses entre o início do ministério de João e o de Jesus (e o ano 30 d.C. é a última data possível). Assim, o ministério de Cristo deve ter começado entre no mínimo o final de 28 e no máximo em 30 d.C..

Isso é coerente com a menção de Lucas de que "Jesus, ao começar seu ministério, tinha cerca de trinta anos de idade" (Lucas 3.23). Se ele nasceu em 6 ou 5 a.C, como é mais provável, Jesus teriaaproximadamente 32 a 34 anos de idade entre fins de 28 e 30 d.C., correspondendo ao intervalo em que ele teria "cerca de trinta anos de idade".

A duração do ministério de Jesus Cristo
Agora precisamos saber quanto tempo o ministério público de Jesus durou, pois, caso tenha se prolongado por dois anos ou mais, aparentemente fica excluída a primavera de 30 d.C. como data possível para a crucificação.

O Evangelho de João menciona que Jesus teria participado de pelo menos três Páscoas (possivelmente quatro), que se davam uma vez por ano, na primavera:

• Houve uma Páscoa em Jerusalém no início do seu ministério público (João 2.13, 23).

• Houve uma Páscoa na Galileia no meio de seu ministério público (João 6.4).

• Houve uma última Páscoa em Jerusalém no final do seu ministério público, ou seja, no tempo de sua crucificação (João 11.55; 12.1).

• E Jesus pode ter assistido mais uma Páscoa, não registrada em João, mas talvez em um ou vários dos Evangelhos sinópticos (ou seja, Mateus, Marcos e Lucas).

Mesmo que houvesse apenas três Páscoas, isso ainda faria do ano 30 d.C. impossível como data de crucificação. Como mencionado acima, a data provável de início do ministério de Jesus a partir de Lucas 3.1 é fins de 28 d.C.. Assim, a primeira dessas Páscoas (no início do ministério de Jesus, João 2.13) cairia em 14 de nisã de 29 (porque nisã dá-se em março/abril, perto do início do ano). A segunda cairia pelo menos em 30 d.C., e a terceira, em 31 d.C., no mínimo. Isto significa que se o ministério de Jesus coincidiu com pelo menos três Páscoas, e se a primeira foi em 29, ele não poderia ter sido crucificado em 30 d.C..

Mas, se João Batista iniciara seu ministério em 29, Jesus provavelmente começou o seu no fim de 29 ou início de 30. Desse modo, as Páscoas do Evangelho de João teriam ocorrido nas seguintes datas:




14 de nisã 

30 d.C. 

João 2.13


14 de nisã 

31 d.C. 

Tanto a festa não identificada de João 5:1 como a outra Páscoa não 
mencionada por ele (mas que estaria sugerida nos Evangelhos sinópticos)


14 de nisã 

32 d.C. 

João 6.4


14 de nisã 

33 d.C 

João 11.55, a Páscoa em que Jesus foi crucificado.



Jesus foi crucificado no dia de preparação da Páscoa
João também menciona que Jesus foi crucificado no "dia da preparação" (João 19.31), ou seja, na sexta-feira antes do sábado da semana da Páscoa (Marcos 15.42). Na noite anterior, quinta-feira à noite, Jesus comeu uma ceia pascal com os doze (Marcos 14.12), sua "última ceia". 

No calendário farisaico-rabínico comumente usado nos dias de Jesus, a Páscoa sempre cai no décimo quarto dia de nisã (Êx 12.6) que começa quinta-feira depois do pôr do sol e termina sexta-feira ao pôr do sol. Em 33 d.C., o ano mais provável da crucificação de Jesus, 14 de nisã caiu em 3 de abril, resultando o 3 de abril de 33 d.C. como a data mais provável para a crucificação. Em “Os últimos dias de Jesus”, construímos então o seguinte gráfico para mostrar as datas da última semana de Jesus em 33:




2 de abril 

14 de nisã 

Quinta-feira

(entre o anoitecer de quarta e o de quinta-feira) 

Dia de preparação da Páscoa 

Última ceia


3 de abril 

15 de nisã 

Sexta-feira

(entre o anoitecer de quinta e o de sexta-feira) 

Páscoa; início da festa dos pães asmos 

Crucificação


4 de abril 

16 de nisã 

Sábado (entre anoitecer de sexta e sábado) 

Sabá 


5 de abril 

17 de nisã 

Domingo (entre anoitecer de sábado e domingo) 

Primeiro dia da semana 

Ressurreição



Conclusão
Os cálculos acima podem parecer complicados, mas em poucas palavras o argumento funciona da seguinte forma:




Informação histórica 

Ano


Início do reinado de Tibério 

14 d.C.


Décimo-quinto ano do reinado de Tibério: Início do ministério de João Batista 

28 d.C.


Poucos meses depois: Início do ministério de Jesus 

29 d.C.


Duração mínima de três anos do ministério de Jesus: Mais provável data de crucificação de Jesus 

33 d.C. (3 de abril)



Enquanto em nosso parecer esse seja o cenário mais provável, deve-se ter em conta que muitos acreditam que Jesus tenha sido crucificado no ano 30, não em 33. No entanto, se o início do reinado de Tibério é colocado no ano 14, é praticamente impossível acomodar 15 anos do reinado de Tibério e três anos do ministério de Jesus entre 14 e 30. Por esta razão, alguns postularam uma co-regência (duunvirato) de Tibério e Augusto durante os últimos anos do reinado de Augusto. Não há, contudo, nenhuma evidência histórica confiável para a alegação de co-regência.

Conclui-se que Jesus foi crucificado provavelmente no dia 3 de abril de 33. Enquanto outras datas sejam possíveis, os cristãos podem tomar como garantia que os eventos históricos mais importantes da vida de Jesus, como a crucificação, estão firmemente ancorados na história. Ao celebrarmos a Páscoa, assim como ao caminharmos com Jesus todos os dias do ano, podemos, pois, ter a convicção de que nossa fé é baseada não apenas na garantia pessoal subjetiva, mas em dados históricos confiáveis, tornando nossa fé eminentemente racional.

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