segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Conversa Jogada Fora


Não gosto muito de falar de mim mesmo. Creio ser um sujeito totalmente imperfeito para que venha ser um protótipo para o “mim mesmo.” Quem fala de si mesmo quer ser seguido. Não busco seguidores, gosto de seguir. Ainda que tenham-me detectado a aptidão do líder nato, coisa que considero ficção – todo líder é uma construção no tempo e no espaço – prezo por servir, porque liderar ser-me-ia muito fácil, servir é o meu grande desafio particular. Não nego que como adolescente sonhei em ter uma estátua na praça cheia de cravos, coisas da puberdade que perdi logo cedo, quem insiste nestes sonhos são os adolescentes. Almejo somente em ser mais um amigo, para quem me conhece, para quem me vê ou quem me lê. Por isso mesmo, creio que a internet é uma grande bênção do século, com ela conectamos os povos, as classes, as raças, os sexos, os credos, os temores. Há quem insanamente associe a sigla www ao mal, como a um 666, prefiro associá-la ao bem, a um “What a Wonderfull World.” Acredito que é isto hoje que ela representa: um mundo maravilhoso. Como nas narrativas de Alice, ao instante de um clique pode estar o próximo pesadelo, mas normalmente é um país de maravilhas. Estive seis meses longe da família, confesso que nem os cânticos ao vivo de Asafe ter-me-iam feito tão bem quanto fez a internet, ao poder através dela ouvir a imagem e ver os sons dos meus filhos da minha esposa, uma Ana abnegada, sentimentos em uma sinestesia confusa e boa proporcionadas pela internet, mas ímpar. Agradeço a Deus por mais este pão, fugidio, impreciso, por vezes frio, mas que não me deixou faminto e triste. Hoje ao olhar este blog, percebo a força que há na internet, posso ser lido em Paris, na França. Em Paris! Em Konstanz, na Alemanha, ou em Ryadi, na Arábia Saudita. Engraçado, um bárbaro que mal digita palavras ser lido na Europa e no Oriente Médio, ambos berços da literatura. Eu deveria envaidecer-me mas sou consciente da mediocridade que me é particular. Mas por isso mesmo, não posso considerar que esta rede mundial seja uma simples arma e ferramenta do diabo. A internet é como a música, Deus a criou, o diabo usa-a como quer. Olha que plataforma, que púlpito, nem a mais alta árvore poderia compor um móvel de tal alcance. Diz o profeta Daniel que nos últimos tempos o conhecimento multiplicar-se-ia e as pessoas andariam de um lado para outro. Poderíamos conceber um mundo hoje sem internet? Dificilmente, mesmo que é salutar entender que há ainda civilizações sem internet, ainda que sejam policiadas e controladas por ela. Tenho a minha frente a maior das bibliotecas, a maior enciclopédia, os maiores debates, os maiores sonhos, os maiores amigos. Tudo aquilo que alimenta o meu vício de buscar saltar da barbárie para a civilização.

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