quinta-feira, 6 de junho de 2013

Bom dia, redes sociais!


É uma síndrome de nosso tempo sofrer de megalomania. Isto só ocorre porque nos determinamos a fazer de todos anões. Não somente em estatura social, principalmente em valores e sentimentos, nos apequenamos.

Ora, sabemos que no fundo, a história, não a da historiografia, a do homem que conta o homem, reconhece finalmente o louco delirante que buscou sempre fazer tudo diferente de todos. O iluminado nunca é um politicamente correto em seu tempo, somente depois os megalomaníacos terminam por reconhecê-lo como paradigma, antitético muitas vezes. Entretanto, tem o louco delirante, no seu tempo, alto senso de dignidade humana evidenciando-o como insuportável aos seus vizinhos indignos. É cego quanto à realidade convencional, não a respeita. Ama embriagadamente, um sem-vergonha. Age como se todos fossem dignos de confiança, abestalhado. Como se todos fossem bons, idiota. Amáveis, platônico. Lindos, péssimo gosto. Admiráveis, iludido. E, assim, quase sem querer, vai deixando um rastro de luz por onde quer que passe. Porque resolveu se encantar, porque se apaixonou, porque abraçou com calor e amor, sorriu e é feliz.

Imagine se todos fossem como eu e você, também educados, comportados e cheios dos mais boníssimos sentimentos. Todavia, apesar de tudo isso, de todos buscarem ser assim, não se entende como há tanta maldade no mundo; em um mundo feito somente por gente que se considera tão boa. A megalomania da bondade ocorre quando falta a ação da bondade. Não basta querer ser bondoso, é preciso ser benigno.

Ora, se há tantas famílias perfeitas – a de cada um é sempre a melhor do que a de todos – como o nosso mundo tornou-se tão ruim? E logo se pensa que se, os outros, não fossem tão maus, como este mundo seria bom.

Enfim, a megalomania da bondade impede que reconheçamos que normalmente só sabemos fazer o que foi feito conosco. Que só conseguimos tratar bem a outrem se fomos bem tratados. Ignoramos porque também fomos ignorados. Odiamos porque nos odiaram. Maltratamos porque nos maltrataram. 

Paremos esse moinho humano. Sejamos iluminados. Façamos a diferença. Não basta querer ser, precisamos ser fazendo. Ninguém é feliz sozinho. Ou a sociedade melhora ou ela acaba para todos. Amar ao próximo não é mais uma questão de idealismo místico. Amar ao próximo é uma questão de sobrevivência. Se não formos solidários com a raça humana, liquidaremos nossa espécie. Se não tratarmos bem uns aos outros, seremos destruídos. Infelizmente, o moinho da megalomania da bondade continua rolando. Eu também desejo parar.

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