terça-feira, 4 de junho de 2013

Sabotagem vocacional

Não tenho certeza se a epígrafe acima pertence ao Jô, mas é bem seu estilo. Creio haver poucas pessoas que discordam dela, uma amizade profunda, bem fundamentada e estruturada pode sim tombar diante de uma avalanche de canalhices. E creio também que podemos ampliar a epígrafe para outras áreas da vida. Por exemplo, para a área profissional. Boa parte das pessoas motivadas para algum trabalho, admitem ter vocação, na qual seriam felizes por fazerem aquilo que gostam. Fico imaginando o ser humano que tendo conhecimento de sua vocação e habilidade para determinada tarefa lutou com unhas e dentes, deu sua vida para assumi-la, e de repente vê-se limitado por uma série de dificuldades. Dificuldades outras das que ele imaginava haver e às quais já estava vacinado. Uma espécie de sabotagem de sua vocação. Infelizmente é o que ocorre com recursos humanos de diversas corporações. O indivíduo entra com sonhos, até com os pés no chão, mas essa tal série de canalhices e politicagens faz com que seja repensada a tal vocação. Não por seu fim, mas por duvidar que aqueles que estão ao seu lado concorrem para o mesmo bem, ou se de fato lhe querem bem. O indivíduo estuda a vida inteira, sacrifica-se, para assumir determinado posto de trabalho e ali poder ajudar ao próximo da melhor forma possível, com toda garra que pode. Entretanto, as deficiências institucionais, muitas vezes, terminam por tolher o vocacionado. De repente, o indivíduo que não almejou, não sonhou a vocação termina por preencher um buraco que seria para o vocacionado uma cordilheira de oportunidades. Puxam-se os tapetes, vão-se as oportunidades, quebram-se as esperanças, ecoa a mesmice. Uma sequência de malfazejos terminam por minar a estrutura do sonho individual agora abalado. Olha para os recursos institucionais e não vê saída. Observa serem beneficiados aqueles que lhe são pares e que não são. Transforma-se em um patinho feio. Enfim, as críticas: está desestimulado porque não tem vocação, não dá para o serviço, é isso ou aquilo. E esquece-se que até ali rajadas de canalhices foram dispensadas, minando-lhe a falta de perspectivas e a esperança de mudança. É um ensino para que prestemos mais atenção ao ser humano que está do outro lado, se o cuidamos, se o estimulamos ou se de fato estamos batendo o machado às suas raízes, muitas vezes calcado naquilo que achamos comum ou corriqueiro. Como nos faz refletir o provérbio bíblico: “Como o louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira.” (Provérbios 26:18-19)

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